sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O prazer de começar a escrever sem saber o quê

Assim... directamente no caderno digital... começo a redigir este post. Não sei para onde dirigir as palavras, mas o objectivo, neste caso, é ser dirigido por elas. As palavras que me levem de arrasto, que enquanto isso o tempo passa e chega a sexta feira à noite. Quero que este post surja como aquela brisa de vento que nos refresca as costas na mais quente tarde de Verão, assim de surpresa, com a suavidade de uns dedos de mulher apaixonada. Ah!! É isso mesmo! É disso que urge falar...daquilo com que todos, já há algum tempo, andamos a fantasiar...


...o Verão.


É que chove como-o-raio-que-o-parta e nós sabemos que em Portugal há pouca coisa com que nos entretermos no Inverno. Perdoe-me quem pensa o contrário mas cá para mim não somos cultura de chocolate quente ou chá verde. As casas na sua maioria estão frias como-a-porra, e por fim...




...não cabemos todos dentro do WoodRock...


(para quem não é do Marco de Canavezes e não sabe do que estou a falar, fica a sugestão:


"miúda linda que eu nunca vi na vida e que estás em casa aborrecida porque não tens nada que fazer, miúda que estás farta de ir aos mesmos sítios, miúda que estás ansiosa por novidade, que procuras loucura e gente simpática...aparece no Wood um dia destes (hoje por exemplo) e de preferência pergunta por mim. Miúda bonita de Caminha ou de Faro, de Bragança ou Castelo Branco, de Madrid ou São Paulo... vem ao WoodRock, porque embora não caibamos lá todos... há sempre lugar para mais um... e eu aposto que metiamos lá dentro o mundo inteiro, com a boa vontade de todos).


Todos e todas, sobretudo todas, mas também cada vez mais todos, andamos fartos de trazer cinco quilos de roupa e calçado a revestir-nos a beleza. Nota-se no modo como os mais jovens e ciosos (ciosos de cio) se vestem na noite mais friorenta e chuvosa. Como um manifesto de raiva e inconformismo, é vê-las a desafiar S. Pedro: "Quanto mais chuva e frio me dás mais coxas e mamas te mostro!" E é por isso que depois vem a trovoada, que é S.Pedro a dizer "papava-te toda ó boa", na maneira metereológica que tem de falar! Mas depois lá se acalma porque se apercebe que isso não se diz a meninas de 14 anos. "Mas que diacho é que elas comem?" - Pergunta S. Pedro no seu último trovão.


Mas os moços também se agasalham pouco. É vê-los, de camisa branca ou preta aberta até ao umbigo e mangas arregaçadas, e um lenço de terrorista árabe, a agasalhar o pescoço. E é vê-los... a eles e a elas... a beberem minis bem fresquinhas, como que a dizer "Verão é sempre que um Marcoense quiser!"


É um paradoxo, porque por um lado, cada mini fresca que bebemos é um grito a S. Pedro, por outro, cada shot de whisky é um "aí-que-quentinho-que-tou agora". Não é por acaso que a malta bebe os shots indoor, e as minis outdoor. Para não darmos parte fraca a S. Pedro, bebemos minis geladas sobre a mais molhadora chuva, e depois vamos para dentro aquecer-nos, não com mariconço-chocolate-quente, mas sim com Whisky puro, goste-se ou não, sem que S. Pedro saiba.


A verdade completa é que não é só o corpo que queremos aquecer... é também a alma. Gostamos muito uns dos outros, e achamo-nos bonitos, mas sabemos que com mais uns shotzinhos de whisky ainda podemos achar-nos mais bonitos e simpáticos, (embora simpático seja normalmente o contrário de bonito) e quem sabe acabemos a noite a desabafar dramas existencias que nem nós sabiamos trazer cá dentro. Mas no Marco há outras formas de luta contra o Inverno, como as caipirinhas que podemos beber no Red Box, faça fresco ou faça calor. E até à bem pouco tempo havia uma discoteca cheia de calor que se chamava Moana Beach, fosse Inverno ou Verão. Por desgraça deixou cair o Beach da placa publicitária e agora é só Moana. A luta marcoense pelo eterno Verão fica a perder com isso.
     Mas hoje em dia há formas de luta muito eficazes que conseguem unir meio mundo, como as causas Facebook, e é por isso que em breve criarei o movimento "Pela restituição do Beach na nomenclatura da discoteca Moana". Se o Moana sem o Beach pode existir!? Sim! Mas não é a mesma coisa.


Sim!! Para aqueles em que só agora se fez luz nas suas cabecinhas... o Marco de Canavezes é a terra daquele gajo que estrebucha, grunhe, chuta coisas para o ar, manda não sei muito bem quem comer cabritos, aparece de boxers em reality shows e contribui em muito para enriquecer o léxico português, com uma expressão que tem feito falta em muitas ocasiões:

filha-da-putice.

Agora temos algo que exprime muito melhor aquilo que à falta de melhor expressão chamavamos...canalhice.
     Mas o Marco é também terra de cultura, e não é de uma mulher que equilibrava muito bem um cabaz de fruta na cabeça, enquanto cantava "o que é que a baiana tem!?tem tudo como ninguém!!", que estou a falar. É de um espaço público que alguém denominou e bem, de Praça de Espanha.
    Cultura é a expressão de um determinado modo de vida. E se o nosso modo de vida é andar por aí de tasquinho em tasquinho, sem estar muito tempo longe do mesmo (ao que já fiz publicidade que chegue e não receberei uma mini grátis por isso), com um sorriso estranhamente suspeito, então essa é a verdadeira cultura que temos para oferecer ao turista, porque em boa verdade o bom do turista, não abunda pelo Marco. Isto porque esta city insiste em publicitar mulheres com fruta na cabeça, obras embargadas (refiro-me às do Fidalgo), esteios onde se enforcava gente à muitos anos, e Igrejas com a tinta a descascar, mas que atraem japoneses súmiticos de maquina fotográfica caríssima ao pescoço, mas sem dinheiro para investir nem em minis, nem num pires de moelas, nem em nada que realmente ponha uns trocos a tilintar no bolso de algum marcoense. Pois a minha proposta simples e talvez ingénua, é renovar a estratégia de atracção turística com umas belas fotos da noite marcoense:



Locais a fotografar:


Uma perspectiva desde a entrada do Woodrock.

Uma foto na esplanada no Red Box.

Uma foto no cantinho junto aos "Fornos do Padeiro", porque tenho curiosidade de saber o que é que os putos vão para lá fazer com tanto secretismo.

Uma foto junto ao rio a focar bem o interior dos carros.

Uma foto no "Jamaica" (lá está... que nome para um bar no Marco?...Jamaica...e Jamaica lembra-nos o quê??...Verão! Alegria!Paixão...e bem lá no fundo da tabela...Canabis...") tirada de baixo para cima. Aqui o fotografo convinha mesmo que sujasse a camisola  e se deitasse para fotografar. Porque só nessa posição vai captar o que se pretende demonstrar nesta fotografia.

.... (estou aberto a mais sugestões, e para isso serve a opção comentar. Estarei atento)



E fico-me por aqui, porque tenho medo que um dia o Presidente desta terra leia isto e decida atribuir-me a vereação do turismo.

P.S. Para os mais incultos o presidente do Marco de Canavezes já não é Avelino Estrebucha-Como-Um-Animal Torres, mas sim Manuel Tás-Bomzinho Moreira.

Vemo-nos por aí.

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