sexta-feira, 30 de abril de 2010

Não tenho reflectido muito sobre a crise

A Primavera chegou lá fora e eu cá dentro a pós-modernurbanizar 40 hectares de Huambo, Angola.

Ahhh!(suspiro poético) Pudera eu escrever um poema com uma mão enquanto com a outra...

...desenho um resort no Huambo, trauteando em simultâneo as melodias imperfeitas da minha imaginação.
Mas não posso. Ou se posso... não consigo.
Hoje acordei com uma barafunda de palavras aos encontrões na minha cabeça.
Não sei se é da ressaca ou do pó-de-pinheiro.
Talvez aconteça eu ter sido despertado por uma angústia de shakras desalinhados.
Já disse que é Primavera mas desengane-se quem pensa que está sol.
De facto está é um dia choco, mas já me traz felicidade que chegue estar temperatura para andar de T-Shirt.
Dizem-me que estou muito branquinho, e eu respondo que sou assim branquinho.
Esqueci-me de referir que ao acordar me aconteceu uma raridade: não ter vontade de voltar a adormecer, não é por ser depressivo e odiar o mundo em geral e a ti em particular (o que já me aconteceu algumas vezes), mas sim porque sou sempre capaz de dormir mais meia hora.
Talvez aconteça que as coisas estejam a mudar de “vai-se andando” para “estou bem obrigado”.


Talvez é uma palavra bonita.


É que não é talvez... é mesmo.






Maria da Conceição Talvez...






Arquitecta Maria da Conceição de Talvez...






Imagina uma pequena chapa rectangular perfurada com o nome de Arquitecta Maria da Conceição de Talvez, na ombreira de granito de uma porta em madeira pintada a fucsia num edifício do centro histórico de uma cidade que deixo à tua escolha.


Enquanto pensas nisso eu volto ao meu desenho no Huambo.
Preciso de compreender se é um devaneio genial planear um resort em forma de bacanal.
Entretanto dá-me para coçar o braço e que eu saiba não sou alérgio ao pó-de-pinheiro.
Quando era garoto minha professorinha primária mandou seus meninos desenharem o que gostariam de ser aquando grandes. Eu desenhei-me trolha a pintar uma casa em cima de um andaime. É que eu queria ser pintor, mas de casas. Talvez um dia morra e publiquem na minha monografia que isso era prenuncio que o que eu queria era ser arquitecto ao invés de andar de trincha na mão.
Por falar nisso, odeio cumprimentos de mão frouxos, mais parece que estou a agarrar um peixe morto. Apetece-me pegar-lhes na mão e fazer-lhes o mão morta mão morta vai bater aquela porta
Era importante que eu decidisse quantas contracurvas terá a piscina do resort, mas volta a fugir-me a imaginação para a moça do bar de ontem. Eu pareceu-me que ela queria coisa, e pareceu-me, também, que eu não seria sacana ao ponto de não lhe dar.
A beleza disto é que ás vezes iludimo-nos ao ponto de pensar que o amor é grátis.
Tudo nesta vida se paga, seja com moedas, notas, favores, tristezas, ternuras e eu-sei-lá-se-é-os-chineses-ou-o-caralho...


Ahhh!!!!(suspiro poético), mas se eu pudesse fazer três coisas ao mesmo tempo e decidir-me não fazer nada porque está um dia lindo. Ás vezes até respirar chateia.


Mas lá está! Tudo se paga e esses preciosos bocadinhos de ócio são parecidos com a nossa infância quando pedalavamos nas nossas bicicletas e depois largavamos os pés dos pedais e sentiamos o vento da liberdade na cara e ouviamos a subtil música da corrente a deslizar nos carretos.
E a corrente que tantas vezes saia dos carretos!!
O que eu gostava de compreender o motor do meu carro, como compreendia a anatomia e a mecânica perfeita da minha bicicleta!
Era tão fácil para mim voltar a pôr a corrente nos carretos, ou pôr óleo nos travões, ou mudar um pneu ou uma roda da minha bicla.






E agora?






Agora quando o meu carro avaria, pareço uma menina, ligo logo ao papá ou a um tio meu que é mecânico.
Mas o problema desta crise já uma senhora o enunciou a viva voz:






“É que eles ganho dez e elas fóde vinte!!”






E é por isso qu eu não perco muito tempo a refletir sobre as causas da crise.










Se eu tivesse uma prima chamada Vera, chamava-a assim:






Primavera!










Perceberam?


Prima...Vera...


Primavera!!


Perceberam?

4 comentários:

  1. Sem dúvida que a tua masturbação está a ficar melhor, apesar do final pouco orgástico desta ultima. Verifica-se uma clara evolução na parte preliminar do acto, em que consegues captar a atenção do espectador( neste caso leitor). Este acto preliminar assemelha-se ao entusiasmo que um qualquer voyeur dispende numa cabine de peep show no momento de colocar a moeda para dar ao inicio ao espectáculo.
    Continua as tuas masturbações com o mesmo entusiasmo e humor, com a esperança de um dia ser preciso por moeda para assistir ao que masturbas...
    Abraço

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  2. pôxa.quando criei este blogue nunca me passou pela cabeça que fosse receber comentarios deste nivel.
    só elevam a qualidade do blogue.
    muchas gracias rapaz.

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  3. É verdade, caro amigo. Está aqui um post muito bem esgalhado, de nível, mesmo!
    Fiz uma viagem engraçada até à infância. Também eu era um mecânico de biclas em potência, principalmente quando me punha ao lado do mecânico a dizer como é que queria a bicha quitada (leia-se bicicleta). Era simultaneamente um colosso a esmurrar cotovelos e um purista dessas ventanias libertárias que valiam o suor de subir estradões e serranias...

    Eu queria ser um super-herói quando me puseram a desenhar. Mas tive um professor (que ainda hoje respeito, apesar das lambadas diárias) que fez o favor de me espicaçar os talentos para a vilania. Tinha mão pesada para as crianças bondosas como eu, cuja única maldade só ganhava rosto nos trabalhos de casa. Hoje dou-lhe razão. Eu não teria jeito para super-herói. Era muito franzino e gostava de andar a correr atrás das raparigas para lhes segurar as pequenas nádegas nas palminhas... hábito que não perdi. Agora que penso nisso, se eu fosse um super-herói, no meu fato teria de ter um S (leia-se ass). As voltas que a vida dá...

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  4. ahahah!!que nível de comentários. que amigos inteligentes que eu tenho pá. Oh Sr. Mal adorei o comentário e é dificil destacar a melhor parte, mas arrebentas te me de riso com a cena o S!!brutal!!
    grande lolada

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