sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O prazer de fantasiar (Opus nº 375,9, II alegro ma non troppo)

Por circunstâncias derivadas de uma noite bem "bibida" fiquei recentemente sem carta por três longos meses. O lado bonito é que durante três meses vou ser mais ecológico sem pensar muito nisso. E isso é reconfortante nos dias que correm. Por outro lado isto pode tornar-se muito dramático quando vives numa freguesia de arrabaldes de um concelho de arredores, de um país periférico num continente periférico, num planeta periférico numa galáxia periférica, num Universo que quem sabe se não é...periférico. Perante isto podia-me dar para deprimir mas tenho que ir trabalhar ou lá-o-que-isso-é.



Assim sendo/desta forma/posto isto, decidi levantar o dedinho polegar junto à estrada.


Nos primeiros minuto e meio nada. Esperava e desesperava até que...subitamente, assim de repente e sem eu contar, embora também estivesse esperançoso e optimista, um Porsche Carrera (coisa que não abunda por estes lados, mais pela quantidades de regos e buracos nestas estradas, do que pela preguiça de ir pedir um empréstimo) abrandou, obediente ao meu polegar hirto aos céus. E qual matriosca russa...de dentro desta bomba sai-me outra bomba.


Penso:





"Deus está "di gozação" comigo, por me ter atrevido a falar Dele em posts anteriores e está-Me agora a "quilhar" o juízo". Quando for para abrir a porta o carro vai-se desmaterializar em pó, com a gaja lá dentro, e a seguir começa a trovejar (ou trovoar?nunca sei bem, mas acho que é o primeiro), que é a maneira histriónica de Deus Nosso Senhor se rir. Espero que Ele pelo menos considere que sempre que me refiro a Ele, faço-o em Caps Lock."
 
Mas não!! Já estou dentro do automóvel. Digo: ""Vom dia"!" Para parecer ainda mais simpático e ela responde-me com um sorriso. Eu estremeço-me todo por dentro.
Se a este cenário juntarmos a frescura de um ambientador com cheiro a bosque nórdico e o Cid a tocar na rádio, temos como resultado uma atmosfera de extrema sensualidade. Além do mais, chove lá fora. Chove "cumÓcaralho". Sendo assim, vamos bem devagarinho, o que nos vai dando tempo para nos conhecermos melhor. A cada metro de asfalto vencido descobrimos ÓmeuDeus...um oceano de compatibilidades:
 
Ela diz que valoriza as pequenas coisas da vida, que gosta de chocolate e de rir.
Eu digo que a vida é um momento, que gosto de batatas fritas Sr. Basílio e de caldo verde com chouriço. (Só aqui encontramos uma ligeira diferença, mas que até torna uma possível relação futura menos monótona: ela gosta de "chouriço, mas sem caldo verde", e faz um sorriso meio psicopático ao acabar a frase.) Eu estremeço-me todo de novo, desta vez num 7.4 na escala de "Richi". É que agora ela pousou-me a mão na coxa, com a suavidade de uma borboleta. O carro começa a abrandar e ela mete por um caminho estranho. Quando vou para lhe pergun...ela tapa-me os lábios com o seu delicado e lânguido (não estou seguro do que significa esta palavra, mas os poetas usam muito e parece-me muito sensual) dedo indicador .
Enquanto isso, a sua mão avança pela minha coxa acima, qual felino acercando-se da presa na savana africana. Eu sinto todo o sangue do meu corpo a fluir para o mesmo sítio e é então que...
 
Nova mensagem de Diogo:"Sim sim... mas para além dessas fantasias masturbatórias como é que tens ido para o trabalho!?"
 
Ao que eu respondo: "Ok!ok... Vou com o meu pai...e ainda por cima tenho que me levantar uma hora mais cedo e estar outra hora na padaria a comer bolos à espera das nove"
 
(E foi assim que nasceu "fantasias masturbatórias": numa ocasional conversa de facebook. Obrigado Diogo, porque no momento em que escreveste "fantasias masturbatórias", um mundo novo abriu-se perante os meus olhos).
 
Abreijos repenicantes.

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